domingo, 10 de julho de 2011

Meia Noite em Paris



Diretor: Woody Allen
Elenco: Kurt Fuller, Owen Wilson, Marion Cotillard, Michael Sheen, Tom Hiddleston, Kathy Bates, Rachel McAdams, Gad Elmaleh, Carla Bruni, Nina Arianda, Mimi Kennedy, Corey Stoll, Manu Payet
Produção: Letty Aronson, Raphaël Benoliel
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Darius Khondji
Duração: 100 min.
Ano: 2011
País: EUA/ Reino Unido
Gênero: Comédia Dramática
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Gravier Productions
Classificação: 12 anos

Sinopse: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e quis ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que por um lado fez com que fosse muito bem remunerado, por outro lado lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir para Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido. 

Com uma sofisticação ímpar e um charme sem pieguices, esta comédia faz um elo enorme entre o passado e o deslocamento para o presente, passando por uma descarada homenagem a feras da música e literatura, com destaque para o genial Cole Porter. Paris, é um sonho e Allen soube lançar um olhar muito profundo e particular sobre essa linda capital francesa. Sendo uma cidade cantada e decantada pelo mundo na qual já vimos centenas de vezes em vários filmes a  Paris de Woody Allen conseguiu ser diferente.

Já na sequência inicial, composta de flashes de alguns segundos de pontos turísticos da cidade, como o Arco do Triunfo, Museu do Louvre e Champs-Élysée, não estamos mais em 2011. As imagens são de hoje, assim como os cafés, os pedestres e carros. A música, porém, é o standard Let’s Do It (Let’s Fall in Love), de 1928, que descobriremos ser a canção-tema do longa. Sutilmente, a atmosfera de Meia Noite em Paris é colocada. Dali em diante o romantismo será o principal filtro na apreciação do filme.

O grande romântico do filme é Gil (Owen Wilson, que está muito à vontade no papel), um roteirista cansado de Hollywood que tenta convencer a si próprio que poderá se tornar um grande escritor. Ele faz de Paris o cenário ideal para suas férias intelectuais e sentir em qual momento real está a relação com a noiva Ignez (Rachel McAdams).

Gil está neste século por acidente. Seu tempo perfeito é os anos 20, de preferência numa Paris chuvosa acompanhada das canções de Cole Porter e tendo um Hemingway ou F. Scott Fitzgerald para inspirar a imaginação. Fazer compras, voltar abarrotado de sacolas, andar de táxi, gastar dinheiro em restaurantes sofisticados e outras futilidades não o comovem. As calçadas foram feitas para serem ocupadas por pessoas. Para Gil, a cidade é uma grande e belíssima companheira que abre os braços e o convida sensualmente a conhecê-la. A Paris do filme é tão viva e alegre que parecemos escutar  pulsar seu coração.

Gil é um homem deslocado no tempo e no espaço. A solução, porém, é encontrar pessoas com afinidades as suas ideias. E ele o faz, gesto que dá a Meia Noite em Paris uma aura mágica, inspiradora. Por ser pouco romântico, Woody Allen anda entre a idealização e a maturidade com o passado, fazendo uma interessante colocação: aos olhos de hoje, o ontem sempre vai parecer mais interessante.

Por isso que seu 41º longa-metragem para cinema é mais uma homenagem a um tempo do que sua representação saudosista. No começo, dizemos quase automaticamente que aqueles, sim, são grandes tempos. Mais para frente, a segurança se dissipa: é mesmo a grande época? Dá para sentir, até, uma certa frustração por não se ter nascido antes – e cada um tem seu momento preferido do ontem. O jeito é lidar com o presente e trazer do passado o que interessa para que criemos hiatos de felicidade no hoje.


O cômico de Meia Noite em Paris vem do insólito, não de uma piada escrita deliberadamente para criar o riso. Já o drama nasce das reflexões nas quais o protagonista mergulha a cada vez que recorre a seus mestres literários. Há um equilíbrio preciso entre os dois gêneros.

Desta vez não há o narrador para amarrar a história. Gil é um personagem suficientemente forte e interessante para ter um mundo habitando à sua volta. De certa maneira, o filme retoma um assunto importante na obra de Woody Allen: o medo do fracasso.

Owen Wilson com sua pronúncia tão particular e o tempo de fala pausado se encaixa perfeitamente neste americano na contramão buscando encontrar uma Paris de um tempo que se foi. Quanto a Marion Contillard  há tempos não a víamos tão encantadora e sedutora (vide "Inimigos Públicos").

Meia Noite em Paris esbanja um contagiante encanto com Allen indo além (sem querer estou fazendo trocadilhos) de nossas expectativas e nos surpreende com tamanho romantismo que nunca foi o seu forte... Esse filme é simplesmente maravilhoso! Verdadeira obra prima!

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