Me desloco para o passado. E revejo pessoas que marcaram a minha existência.
Reparo melhor nos seus rostos. Rostos marcados pelo tempo e pela vida.
Reparo melhor nos seus rostos. Rostos marcados pelo tempo e pela vida.
Percebo que elas me olham, mas não me veem.
Não me importo e mesmo assim sorrio prá todas e digo com o olhar
o quanto ainda as amo, que eu nunca as esqueci e que jamais as esquecerei!
Não me importo e mesmo assim sorrio prá todas e digo com o olhar
o quanto ainda as amo, que eu nunca as esqueci e que jamais as esquecerei!
De repente me vejo dentro da minha sofrida, mas boa infância.
Subo e desço na caixa d'agua super alta do prédio em que morava.
Já de pequena vencia as barreiras sem perceber.
Ouço o canto dos pássaros, vejo gaivotas sobrevoando o meu mar particular.
Dou altas gargalhadas ao lembrar das minhas troças de criança.
Desço as escadas e toco a campainha da vizinha, que zangada briga comigo.
Velha Maria (a síndica portugesa chata) diz: vou contar prá sua mãe!
Quanta inocência. Meu Deus!
Quanta inocência. Meu Deus!
De repente me vejo dentro da minha infância e não quero sair.
Tão breve infância!
Tão breve infância!
Revejo o meu pai brincalhão, minha mãe dedicada, minhas irmãs felizes da vida...
E os parentes que vinham do interior? Gente! Que festa!
Tudo tão simples e gostoso! Sinto o cheiro do bolo de fubá da Badida.
Tão boa Badida!
Tão boa Badida!
E aquele cheiro diferente que vinha do mar? O vento forte lá fora...
Nao sei como, mas eu já sabia algumas coisas da vida...
Sabia, por exemplo, que tudo isso um dia ia terminar!
Sabia, por exemplo, que tudo isso um dia ia terminar!
Meu balde e minha pá eram o meu mundo de faz de conta.
Achava que cavando fundo na areia ia sair lá do outro lado. Na China...
Tenho lá meus motivos de adorar viajar. Quero descobrir o que tem lá fora.
Mas o que se passa dentro de mim nesse momento?
Angústia? Lamento? Solidão?
Sei lá! Acho que se eu cavar, bem fundo, no meu interior
irei me descobrir dentro das córcovas de um camelo
comendo escondida as raspas dos bolos de chocolate feitos pela Badida.
Sei lá! Acho que se eu cavar, bem fundo, no meu interior
irei me descobrir dentro das córcovas de um camelo
comendo escondida as raspas dos bolos de chocolate feitos pela Badida.
De repente do silêncio vem um barulho forte e olho ao meu redor.
Não vejo mais meus amigos de infância,
em especial a Cita, minha amiga imaginária.
em especial a Cita, minha amiga imaginária.
A caixa d'água, agora tão baixa e tão sem graça, esvazia meus pensamentos.
Já é noite, o mar está calmo, os pássaros já não cantam e as gaivotas descansam.
Toco desesperada a campainha, mas a minha vizinha chata não vem abrir a porta.
Quero descer, mas a escada do meu prédio já não tem degraus.
Onde estarão todos? E a Badida não vem me ajudar?
A criança dentro de mim se sente desamparada e sozinha.
Olho para os lados e reflito melhor:
O barulho que se faz, é a despedida. Estão todos indo embora.
Ouço portas batendo, janelas se fechando.
Já é tarde! Muito tarde!
Prá onde estarão indo? Ou será que nunca vieram?
Prá onde estarão indo? Ou será que nunca vieram?
Então! Derrubei mais uma muralha. Venci mais uma barreira: - a do tempo.
Muda em meus lamentos deito a cabeça em meu universo.
Vejo minha mãe vindo em minha direção com seus passos curtos e silenciosos.
Me cobri com meus lençóis de saudade, me beija delicadamente e diz baixinho:
Durma com Deus minha filha!!!
Me cobri com meus lençóis de saudade, me beija delicadamente e diz baixinho:
Durma com Deus minha filha!!!
Lidia minha irmanzinha querida, lendo tudo q escreveu, fui com vc ao passado tão distante
ResponderExcluire até um pouco doído,me bateu uma saudade louca
de uma infância tão sonhada e não vivida, da minha mãe preta (Badida)de nosso pai que tão cedo se foi e depois de nossa mãe, quanto sofrimento meu Deus..... mas temos que enfrentar tudo de cabeça erguida e com sorriso nos lábios, embora neste momento choro, choro muito, afinal não sou tão forte quanto mamãe dizia.Quero dizer neste momento uma ultima frase:
AMO VOCES MINHAS IRMÃS!!!
Fico feliz de saber que você ficou emocionada. Sinal de que te toquei. Falei aos seus sentimentos. Fique sabendo, minha irmã, que tenho por você a mais genuína admiração, quer seja pelo seu histórico de vida, quer seja pela sua pessoa. Te gosto demais. Viu? Bjus nesse bondoso coração.
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